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Fórum de Combate ao Suicídio ressalta a necessidade de tratar o assunto sem julgamentos

18.10.2017 · 12:00 · Eventos

Preocupados com o número elevado de casos de suicídio na Capital, os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande realizaram nesta terça-feira (17), o 1° Fórum de Discussão de “Combate ao Suicídio – Falar é a melhor solução”. O Fórum teve como objetivo promover um debate sobre a prevenção e combate ao suicídio, discutindo com as entidades e órgãos relacionados ao tema as reais necessidades de atendimento ao cidadão.

A representante da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Sueli Mendes, apresentou números preocupantes de casos de suicídios registrados em Campo Grande. “Temos 331 suicídios registrados de 2010 a 2016, 851 tentativas de suicídio em 2016, onde 265 tentativas foram cometidos por homens e 586 por mulheres. O suicídio é a 3ª violência mais notificada, com faixa etária com maior incidência de tentativas de suicídios entre 15 a 39 anos”, revelou. “Nem sempre as pessoas querem falar sobre o assunto, mas a discussão é fundamental para a promoção de medidas preventivas”, acrescentou.

Para a representante da Secretaria Municipal de Educação, Ane Michele, é necessária a parceria com entidades relacionadas ao assunto para a implantação de políticas públicas mais efetivas dentro das escolas, “A Semed reconhece a importância desse tema em sala de aula, há números elevados de suicídios cometidos por jovens, esses jovens passam parte de sua vida dentro das escolas. Precisamos de parcerias para que possamos realizar um trabalho mais grandioso de combate ao suicídio dentro da sala de aula”, afirmou.

O Grupo de Amor a Vida (GAV), é um canal de atendimento ao cidadão, através do número 141, que recebe ligações das 7h às 23 h, todos os dias, incluindo finais de semana e feriados, para o aconselhamento e orientação. Conforme ressaltou o presidente do GAV, Gerson, a pessoa entra em contato na esperança de desabafar. “A pessoa liga anonimamente, com garantia de que será mantido tudo em sigilo para desabafar, naquele momento é um alívio da tensão emocional que poderia desencadear em um suicídio. Nosso trabalho envolve a compreensão, ouvir a pessoa com o coração, ao ser escutado sem julgamentos ela tem a oportunidade de superar aquele momento de crise”, explicou.

Segundo o Dr. Juberty Antônio de Souza, representante do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul, “A maior concentração de suicídios está entre os adolescentes e adultos jovens, independente das etnias. A maior parte das pessoas que cometem o suicídio querem se afastar do sofrimento. De 100 pessoas que cometem o suicídio, 90 % são pessoas deprimidas. E a depressão é uma doença facilmente percebida, a pessoa emite sinais e, o tratamento é a solução para recuperar esse paciente. A pior coisa que tem é falar que é frescura”, esclareceu.

A psicóloga Giovana Guzzo Freire Verão, representante do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul, reforçou a necessidade de tratar o tema sem julgamentos. “Se você quer ajudar uma pessoa que tem intenção de suicídio, que está deprimida, a melhor maneira é o respeito, ouvir sem julgamentos morais e éticos”, disse.

“Este ano, o Mato Grosso do Sul teve 140 ocorrências registradas de suicídio, 40 foram em Campo Grande, ou seja, 30 % são vítimas aqui na Capital. A minha orientação é observarmos mais os nossos filhos, amigos e familiares, a pessoa te dá os sinais”, alertou o vereador Delegado Wellington.

Durante o Fórum, a advogada Laura, contou que por duas vezes tentou suicídio. “Por duas vezes tentei suicídio. É preciso falar sobre o assunto. A pessoa está passado por um momento de transtorno e não encontra saída, o caminho que ela vê é o suicídio, eu agradeço por ter saído com vida. O que mais me chama atenção são os casos com os jovens,  a Secretaria de Educação tem que olhar mais, dar suporte para as famílias. O Fórum é um momento de conscientização, precisamos sair daqui com uma ideia fixa de realizar um trabalho mais efetivo no combate ao suicídio”, frisou.

“Falar em suicídio é falar em depressão, e é um sistema que está falido. Precisamos colocar o dedo nessa ferida, precisamos trazer ações efetivas. Eu acompanho as pessoas que vão aos CAPS em busca de atendimento, vejo a dificuldade encontrada para internação, tenho na família pessoa com doença mental e, como gestora pública, me sinto na obrigação de fazer alguma coisa. Daqui sairá mais debates sobre o assunto para que possamos fazer a nossa saúde pública funcionar com mais eficácia”, avaliou Enfermeira Cida.

Um grupo de professores da Escola Municipal Licurgo de Oliveira Bastos e da Escola Municipal Prof Iracema de Souza Mendonça pediram com urgência a disponibilização de profissionais adequados para o atendimento das crianças e jovens nas escolas. “Precisamos com urgência de psicólogos e assistentes sociais para atender esses jovens dentro das escolas”, cobrou. 

De acordo com o vereador Carlão, que é autor da Lei n. 5.613, que dispõe sobre a implantação de medidas de prevenção ao suicídio nas escolas municipais e destaca a necessidade de falar sobre o assunto. “Sabemos que é importante colocar em prática esta lei dentro das escolas, a lei quer falar sobre o assunto, promover palestras, orientar os jovens. O prefeito garantiu que vai ter vontade política para colocar em prática”, declarou.

 

Dayane Parron

Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal