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Prefeito alerta para ‘catástrofe’ na previdência; servidores questionam aumento da contribuição

20.10.2017 · 12:00 · Audiência Pública

A possibilidade de aumentar a contribuição previdenciária dos servidores municipais, de 11% para 14%, tem gerado insatisfação no funcionalismo público. Nesta sexta-feira (20), o prefeito Marquinhos Trad esteve na Câmara Municipal e, em audiência pública promovida pela Mesa Diretora da Casa de Leis, alertou: caso a alíquota não seja reajustada, a previdência municipal pode entrar em colapso. 

“Eu, como gestor do dinheiro de vocês, poderia muito bem desviar meus olhos e continuar administrando a cidade. Ocorre que, daqui a pouco, em 2020, haverá um buraco do tamanho da certeza de que o sol esquenta. Esse buraco se abre cada vez mais, numa erosão de números que nos alertam para uma catástrofe comparada ao que estamos assistindo no Rio de Janeiro. É uma medida amarga”, afirmou o prefeito.

A audiência reuniu vereadores, representantes do Executivo e do funcionalismo público municipal. Técnicos do IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) apresentaram dados recentes do ‘rombo’ do instituto. Atualmente, o desconto em folha de 11% nos salários dos servidores significa uma injeção de R$ 6 milhões mensais na previdência. Caso o alíquota suba para 14%, esse valor será de mais de R$ 8 milhões.

Segundo Trad, “foram anos jogando a sujeira embaixo do tapete”. “Minha obrigação nessa audiência é alertar. Tenho a obrigação de dizer a vocês a verdade e o que vai acontecer se não tomarmos medidas. A Prefeitura tem que repassar, para pagar aposentados, quase 8 milhões mensais. Daqui quatro anos, final do meu mandato, vai para quase 20 milhões de reais. Alguém vai ficar sem receber. Tínhamos 4,1 mil aposentados no início da gestão, e vamos terminar com 6,5 mil. Por dia, tenho assinado de 10 a 15 aposentadorias”, continuou o prefeito.

A proposta de aumento na contribuição, porém, deverá ser chancelada pela sociedade por meio de debates e audiências públicas. “O projeto só vai para a Câmara se vocês me autorizarem. Essa decisão vai pertencer à sociedade, não vai ser o Executivo o chancelador”, finalizou.

Servidores resistem – O possível reajuste não é aceito pelos servidores. Segundo o presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Campo Grande, Hudson Bonfim, os servidores apenas “pagam a conta” do rombo, mas não são informados dos números com antecedência.

“Não partilhamos desse princípio de aumentar a alíquota, e estamos há quatro anos sem aumento. Não toleramos essa situação. O que mais me espanta é que existem as comissões, inclusive com representantes dos sindicatos. Por que ninguém tomou providência quando os rombos foram descobertos? Por que os números não vieram à tona? Quando vem a conta, temos que pagar. Sempre ficamos sabendo do estrago depois que acontece. Isso tem que acabar, já que a maioria dos servidores se aposentam doentes. Vamos sentar e discutir juntos. Essa conta não pode sair só do nosso bolso”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública de Campo Grande, Marcelo Luciano Ferreira, também criticou a possibilidade de aumento e defendeu a criação de um conselho, formado por servidores, para acompanhar as contas do instituto responsável por gerir a previdência municipal. “Esses dados que foram mostrados agora, que fossem mostrados trimestralmente ou semestralmente para controle do Conselho. Temos que procurar formas que não seja descontar do holerite. Nosso salário está defasado, o aumento está difícil”, afirmou.

Mesma opinião é partilhada pela vereadora Enfermeira Cida Amaral. “O profissional não pode pagar a conta sozinho. O prefeito deixou uma prerrogativa para nós. Ele foi muito claro. Falou que só vai fazer aquilo que vocês quiserem. Isso ficou gravado, ele fez questão. Temos essa chance. Mas o que fazer para amenizar o rombo? Eu, independente de ser vereadora, não concordo com o aumento. Contem comigo. Eu tenho o segmento, sou enfermeira”, afirmou.

O diretor da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Servidores), Gilvano Bronzoni, também criticou a medida. “Nós, servidores de Campo Grande, temos denunciado esse escândalo no IMPCG. De forma alguma, que essa conta venha para o servidor. O resultado dessa CPI [instaurada na Câmara para investigar o rombo no Instituto] deve servir para punir quem fez mau uso. Ainda que exista um rombo, não seremos nós a pagar. Não temos dinheiro para pagar isso, não. Vai faltar pão, leite, luz, IPTU. Essa conta não é nossa”, cravou.

Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal