ícone whatsapp

“Secretário está afundando Campo Grande”, revela Tiago Vargas após denúncias do presidente da Sioms

07.07.2022 · 12:00 · Vereador Tiago Vargas

O presidente do Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso do Sul (Sioms) e vice-presidente da Federação Nacional de Odontologia (FNO) David Chadid Warpechowski esteva na Câmara Municipal de Campo Grande (MS), na manhã desta quinta-feira (7), para denunciar os problemas que a classe está enfrentando na Saúde Pública do município, devido às péssimas condições de trabalho. O vereador Tiago Vargas (PSD) aproveitou o momento para apoiar os dentistas e ressaltou que o secretário municipal de Saúde (Sesau), José Mauro, está afundando a Capital do Estado.

“A Saúde de Campo Grande está um caos. Quando o senhor [David Chadid] fala em mudar de gestão, temos que mudar o gestor. Não sei por que ele [secretário José Mauro] ainda está à frente da pasta”, questionou Tiago Vargas.

“Depois, dizem que eu sou o chato, que sou a oposição dentro da situação, mas essa é a realidade. Por exemplo, um contrato, que foi assinado no valor de R$ 1,700 milhão, para a manutenção de 100 autoclaves, já estamos em julho e até agora nada aconteceu, nenhum resultado”, protestou.

Para o parlamentar, o Poder Executivo está de brincadeira com a cara da população e disse que vai encaminhar ofício ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP-MS) sobre o ocorrido.

“Torno a dizer: senhora prefeita Adriane Lopes, Vossa Excelência está afundando por conta deste secretário de Saúde de Campo Grande. Uma cidade que já foi referência em saúde bucal está jogada às traças”, lamentou o vereador.

David Chadid iniciou o seu discurso destacando a importância da saúde bucal. Segundo ele, a ausência de tratamento bucal gera inúmeros danos como: o aumento de casos de infecção; progressão de lesões cariosas; lesões na boca, que podem levar ao câncer; hospitalizações; perda de elementos dentários; além de inúmeros problemas sistêmicos.

“Com dor de dente você [as pessoas] não come; com os dentes quebrados você não sorri, então o Poder Público tem a obrigação de dar condição básica de Saúde bucal à população”, destacou Chadid.

Desfalque

Continuando com sua apresentação para mostrar as condições da saúde pública em Campo Grande, o sindicalista ressaltou a precariedade do sistema de esterilização das unidades do município. Conforme o dentista, após a flexibilização dos cuidados com a covid-19, os atendimentos dentários na rede pública da Capital retornaram somente no período da manhã e da tarde, porém, na parte da noite e aos fins de semana ainda não foram normalizados.

“Hoje, o trabalhador não tem acesso à saúde bucal, pois ele não consegue  um horário diferenciado. O trabalhador não tem acesso à saúde bucal em Campo Grande”, afirmou o presidente da Sioms.

“Isso gera cerca de 150 mil vagas perdidas no município e 12 mil horas de atendimentos clínicos perdidos”, destacou.

Ainda conforme David, o número de profissionais de odontologia está menor, em relação ao início da pandemia da covid-19 (em 2020). Ele afirmou que, antes da pandemia, havia 330 profissionais; hoje, esse número caiu para 270.

“O sindicato enviou um ofício ao MP para reabrir o acesso à saúde bucal. Não há motivo plausível para não reiniciar esses atendimentos”, afirmou.

Fechados durante a noite e fins de semana

David Chadid Warpechowski apontou, durante sua apresentação, as unidades que não estão atendendo no período noturno e aos fins de semana. Segundo ele, os Centro de Especialidade de Odontologia (CEO’s) desativados nesses períodos são: Cidade Morena, Guanandi, Silvia Regina e Nova Bahia. As seguintes Policlínicas também estão fechadas: Universitária, Santa Emília, Aero Rancho e Nova Bahia. Também fazem parte da lista as seguintes UBS’s (Unidade Básica de Saúde): Aero Rancho, Coophavila, São Francisco e Macaúbas.

Processo de esterilização

Warpechowski explica que o processo de esterilização é necessário para esterilizar os materiais usados pelo profissional da odontologia, a fim de eliminar vírus e bactérias que ficam presos no material após o atendimento. Essa limpeza é feita por meio de uma autoclave, que é um equipamento de alta pressão com calor que realiza o processo de “matar os agentes patológicos, para a reutilização do material”.

David disse que há quatro anos existia, no mínimo, uma autoclave por unidade de saúde, o que equivale a 72 equipamentos, e são os próprios servidores que executam a esterilização. “O tempo para fazer este serviço, entre lavagem, secagem, embalar e esterilizar é de 1h30, para o material ficar pronto”, explicou.

O sindicalista disse que hoje o número de autoclaves reduziu para 4 e que apenas três estão em funcionamento. “Os três equipamentos que ainda funcionam estão na região do Bandeira”, citou.

“Com o passar dos anos, as autoclaves estão sucateadas, pois não foram feitas novas compras e manutenções. Há autoclaves inativas que estão nas unidades e nem foram recolhidas”, afirmou.

David disse que hoje o tempo para esterilizar o material usado pelos dentistas leva, em média, de 24 horas a 4 dias, sem contar o sistema no transporte, já que tudo está na região do Bandeira, e problemas de armazenamento comprometem o processo de limpeza. Assim, dezenas de pacientes têm atendimento desmarcado. “Isso é problema de gestão, pois recurso tem”, lembrou.

A Sesau publicou, no mês de março, deste ano, em suas redes sociais, que estava em andamento um contrato de manutenção em 100 autoclaves das redes e quase quatro meses depois nada foi feito ainda. Para o sindicalista, o serviço de manutenção é desnecessário, já que muitos equipamentos já não têm mais condições de uso.

Conforme David, cada autoclave de 42 litros nova custa, em média, de R$ 6 mil a 8 mil, o que totaliza R$ 576 mil para atender a todas as unidades.

O vereador Tiago Vargas prometeu levar o caso ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul e, durante a sessão, ele convocou mais uma vez a presença de José Mauro na Câmara Municipal, para explicar a falta de equipamentos que assolam o sistema de Saúde do município.

Assessoria de Imprensa do Vereador