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Vereadores mobilizam-se em Audiência Pública e reuniões para tentar barrar fechamento de escola

26.11.2019 · 12:00 · Palavra Livre

Junto de pais, alunos e professores, os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande estão mobilizados contra o fechamento de escolas estaduais na Capital. Novamente, estudantes da Escola Estadual Professor Carlos Henrique Schrader, no Jardim Flamboyant, estiveram na Casa de Leis, na sessão ordinária desta terça-feira (26), com faixas e cartazes pedindo apoio para que as aulas sejam mantidas no colégio, que tem atualmente 430 matriculados. Na segunda-feira, dia 2 de dezembro, a Câmara sedia Audiência Pública para debater o assunto. Ainda, deve ser formada comissão de vereadores para tentar reverter a decisão de fechar a escola, marcando reunião com o governador Reinaldo Azambuja e também para acionar o Ministério Público Estadual.   

Na Tribuna, o vereador Valdir Gomes, presidente da Comissão Permanente de Educação da Câmara, falou da necessidade de um olhar humano para a questão e denunciou que mentiras estão sendo repassadas à comunidade. “Estão jogando esses alunos na Escola Hércules Maymone, onde não tem vaga. Lá não tem vaga suficiente no período da manhã e muitos alunos vão desistir dos estudos. Estão fechando escolas e vão abrir presídios”, criticou.  

O vereador alertou que não quer ver repetir os mesmos problemas que ocorreram no fechamento da Escola Riachuelo, no Bairro Cabreúva, onde o prédio está sendo inutilizado, além do estudo noturno na Escola Consuelo Muller, na Vila Jacy, que passou a ser período integral. Com a mudança, a escola que tinha 1200 alunos passou a contar apenas com 200, pois não dispõe de proposta para os alunos, deixando-os sem atividades à tarde. “Ficam só ouvindo funk, não tem proposta de ensino”, denunciou Valdir Gomes. Na prática, portanto, o ensino integral não funciona. O vereador fez críticas a atual secretária Maria Cecília Amendôla da Mota. “Como educador, estou decepcionado. Ela está sendo desumana”, desabafou o vereador Valdir Gomes. 

Na última quinta-feira, alunos, pais e professores estiveram na Câmara e nesta terça-feira, novamente, houve mobilização para que a escola continue aberta durante o ano letivo de 2020. Verônica Auxiliadora Costa, mãe de um estudante do 8º ano, defende que o colégio continue funcionando. “Há um envolvimento da comunidade com a escola, com os professores, um trabalho desenvolvido com projetos para motivar os alunos. Isso não pode ser perdido”, disse.

O vereador Betinho, presidente da Comissão de Assistência Social e do Idoso da Câmara, também acrescentou sua preocupação com a decisão de fechar a escola. Na segunda-feira, pela manhã, deve ser realizada Audiência na Casa de Leis para tratar do assunto. “Nos preocupa essa decisão porque além de prejudicar os alunos, a superlotação nas salas pode aumentar, assim como a quantidade de alunos que usam o vale transporte. Não olham o lado social, o lado humano. Estamos pedindo, em nome de quem precisa, que olhem com olhar humano porque podemos pagar um preço alto”, ressaltou.

O vereador Ademir Santana sugeriu que a Comissão de Educação, da qual é membro, compareça até o Ministério Público Estadual para oferecer denúncia contra o fechamento de escolas, cobrando providências para que os direitos dos alunos sejam assegurados. “No começo do ano, conversamos com a secretária para não fecharem as escolas e estamos vendo que isso continua,  precisamos ir ao MPE”. 

Para o vereador Chiquinho Telles, é preciso que uma comissão de vereadores vá também até o governador Reinaldo Azambuja buscar respostas. O vereador Dr. Wilson Sami também concorda com a formação de comissão para tratar com as autoridades “para mudarmos o rumo dessa história”, afirmou. O vereador Otavio Trad falou sobre as dificuldades financeiras e as medidas necessárias para adotar providências pelo poder público, mas ponderou que, neste caso, se trata de “uma situação diferenciada por envolver educação, crianças, a cultura de uma escola e de uma região”. Ele cobrou a mobilização da classe política contra a decisão errônea e questionou sobre as vagas para que os alunos sejam realocados. 

O vereador Delegado Wellington, membro da Comissão de Educação, salientou que não pode ser permitido o fechamento de escolas. “Não é tão simples, só mudar esses alunos para outra escola. Há também uma cultura do entorno da escola. Sugiro que a secretária reveja essa decisão”. 

O vereador Dr Livio recordou que a decisão está no Plano Municipal de Educação, aprovado pela Câmara há dez anos, o qual previa a municipalização da educação para que o ensino fundamental fosse do Município e ensino médio do Estado. “O Município não foi capaz de assumir e, 10 anos depois, isso aconteceu na forma desse reordenamento. O Município vai assumir algumas e passar para Estado algumas séries. Entendo a necessidade e argumentação dos estudantes, mas estou trazendo um pouco de fundamentação legal e racionalidade ao debate”, afirmou. O parlamentar, ainda, discordou das críticas feitas à secretária estadual, defendendo que ela é uma referência no País na educação. 

A Escola Professor Carlos Henrique Schrader existe há 26 anos e oferece do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Cerca de 40% dos alunos atendidos no local são de comunidades indígenas. Também houve anúncio para fechamento da Escola Estadual Advogado Demosthenes Martins, no Residencial Octavio Pécora. 

Milena Crestani 

Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal